10 Dicas para ajudar crianças com Autismo a passar pela puberdade…
O site Link Original, JKP lançou essa lista baseada no livro Sexualidade e Relações Educacionais, e eu achei muito bacana e quis compartilhar com vocês. A sexualidade é um tabu, mesmo nos dias de hoje com tanta informação, eu confesso que esta é uma parte da maternidade que me aflige muito com meus filhos, o típico e Dioguinho meu filho autista. A verdade é que eu gosto de pensar nos meus filhos como serem assexuados, anjinhos mesmo, alguém se identifica?hehehe…
Bom mas como isso não é possível e nós temos que encarar essa fase, vamos pegar algumas dicas e nós preparar da melhor forma possível, pois se já é difícil com informação, imagine sem!!! Vamos as dicas:
- Esteja Preparado. Mesmo que crianças autistas estejam com o desenvolvimento atrasado, eles irão passar pela puberdade, adolescência e tudo que se passa com todo mundo. Isso é absolutamente normal e esperado. Porém eles irão precisar de um suporte extra nestas áreas, porque a sua dificuldade de compreensão ás regras sociais e menores oportunidades de aprendizado com as outras crianças irão deixa-los em desvantagem, por isso a ajuda extra.
- Comece cedo. Crianças autistas podem ter uma grande dificuldade com mudanças, mesmo as menores em suas vidas. O aprendizado em geral pode ser mais lento e confuso, especialmente assunto que tenham haver com habilidades sociais. Tentar mudar as regras como: “Onde é adequado tirar a roupa”?Durante a puberdade, que já é um momento turbulento, pode causar uma confusão desnecessária. Olhe para as coisas que a criança faz hoje que podem parecer bonitinhas hoje, e pense isso estaria ok, se ele ou ela fosse um adolescente? E aí comece agora!!!
- Ensine aquilo que parece óbvio. A maioria das crianças aprendem (sempre de forma confusa e contraditória) informações sobre crescer, se relacionar com as pessoas, como é ser um homem ou uma mulher com os seus diferentes papéis. Pense em você quantos papéis diferentes você exerce? Crianças autistas tendem a não capitar toda esta informação, e a a informação que eles captam, tendem a ter mais dificuldade em decodificar, muitas vezes levando a experiências embaraçosas e ás vezes dolorosas. Para evitar isso, eles precisam que as coisas sejam explicadas nos mínimos detalhes de uma maneira que eles entendam. Não assuma que porque eles sabem fazer coisas a seu ver mais complexas que eles saibam coisas práticas d vida real. A prática na vida real é de suma importância.
- Dê a informação de forma calma e clara. Use um tom positivo. Não sobrecarregue a criança, ou adolescente com informações. Volte as informações com imagens, ou seja o que for que já funcione melhor com essa criança. Seja concreto, use terminologias corretas sem invenção de nomes, ou figuras de linguagem. Ensina a criança boas habilidades de linguagem com o correto uso da linguagem. Mas também palavras que sejam apropriadas para serem faladas com os pares, professores. Tome cuidado com as interpretações literais que essas crianças podem fazer.
- Não super proteja. Aíii o mais difícil hein!!! Um fato triste que as crianças com deficiências são vulneráveis a abusos. Crianças autistas podem estar mais vulneráveis ainda, porque as suas dificuldades de interpretar os motivos dos outros, um desejo de serem aceitas, a incerteza sobre o que é uma amizade sincera, e a dificuldade em contar eventos passados. Portanto é um instinto nossa natural de pais de proteger nossos filhos. Entretanto evitar tópicos delicados como tocar as suas partes íntimas do corpo, pode mostrar as crianças ou que elas não são importantes ou que é vergonhoso e é algo que não deve ser falado. Esteja ciente que ser superprotetor em relação a educação sobre sexualidade e relacionamentos deixam as crianças vulneráveis.
- Ensine a diferença entre público e privado. Todas as crianças precisam aprender a diferença entre o que é público e o que é privado, incluindo locais, partes do corpo, conversas, comportamentos, e informações online. Aprender esta diferença ajuda a criança a se comportar de forma apropriada e é um fator protetivo para situações de abuso. Entretanto, tome cuidado sobre regras duras e rápidas e se lembre de ensinar que regras podem mudar com o tempo e o porquê. Por exemplo, faz sentido ensinar para as crianças que sexo é um tópico privado e que eles só podem falar sobre isso com os pais, mas o que eles devem fazer se os seus pares estão conversando sobre esses assuntos na escola? Evitar estas conversas também, ou pior contar a um professor sobre o papo dos amigos pode ser mais um fator de isolamento para eles.
- Ensine como dizer NÃO. Enquanto seguir regras, é algo muito ensinado e valorizado para as crianças com atraso no desenvolvimento, na semana passada mesmo fiz um post sobre como ganhar controle instrucional da criança, é também importante ensinar a criança a dizer não para situações de abuso, de bullying para que ela possa se defender, e se proteger.
- Não faça nada por eles que eles não possam fazer de forma independente. Muitas vezes as pessoas estão tão acostumadas a tomar as decisões para as crianças com necessidades especiais, que elas começam a tomar as decisões por eles a todo momento de forma automática. Mesmo que isso seja inevitável em algumas situações, comece a preparar o ambiente para que a criança, adolescente possa ter a chance de escolher, de tomar decisões. Permita que eles tenham independências em suas atividades de vida diária, mesmo que demore mais para que completem, ou não fique tão perfeita. Envolve eles nas decisões do seu dia á dia, permita que eles experienciem situações novas, que sejam desconfortáveis.
- Ajude-os a desenvolver amizades. Todos os adolescentes necessitam desenvolver habilidades para entrar nas relações adultas, eles precisam praticar, e precisam de suporte para chegar lá. Entretanto pessoas no espectro autista muitas vezes gostam de passar um tempo sozinho, de evitar situações sociais. Mas não se engane, isso não significa que eles também não precisam ou não querem ter amigos, ou que eles não vivenciem a solidão. Ensine-os as habilidades sociais envolvidas nas relações sociais. Junte-os com outras crianças com interesses similares. Encontre eventos que podem ser socializadores com um foco em comum com outras pessoas. A internet pode ser também uma ótica fonte de juntar as pessoas.
- Ajude-os a entender eles mesmos. Desenvolver uma auto-concepção realista e saudável, significa entender sobre suas fraquezas, seus pontos fortes. Crianças autistas tem qualidades fantásticas, incluindo serem honestas, confiáveis, e ter um senso grande de justiça social. Eles precisam aprender que eles são valiosos seres humanos, com grandes contribuições para o mundo. Entretanto eles também precisam saber sobre o seu diagnóstico, suas dificuldades que virão com o diagnóstico, e que eles precisam superar estas dificuldades.Mas isso não precisa ser feito em uma única conversa difícil, mas podem ser feito de forma gradativa, desde cedo mostrando as suas diferenças. Livros de autores que são autistas são geralmente grandes dicas para as famílias e para o próprio adolescente ou adulto.
E aí pessoal gostaram do post de hoje? Eu confesso que escrevi esse texto, fiz essa tradução com alguns trechos que são meus, enfim essa tradução/adaptação com lágrimas nos olhos, pois para nós pais é quando passa uma novela da luta que ainda temos pela frente, ou que já passamos se o seu filho já é adolescente ou adultos. Mas como sempre digo eu não descanso um dia sem buscar saber mais, estudar, e ter informações baseadas em conhecimento, em pesquisa científica. E por isso eu busco levar todo esse conhecimento para o maior número de pessoas possível para que cada uma possa ajudar famílias, crianças e adolescentes a volta de vocês, pois a caminha é árdua.
Um grande abraço,
Até Quarta Feira que vem!!!
Michelli Freitas
Mestranda em Análise do Comportamento UNB.
PS: Lembrem-se do nosso papo na Quarta Feira que vem dia 06/12 ás 20:00 sobre alfabetização!!!Baixem o Zoom Meeting.